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Vale lança programa de infraestrutura viária com doação de areia proveniente da mineração de ferro

A Vale inicia, nesta semana, o Criando Caminhos, um programa de melhoria da infraestrutura de estradas vicinais que utiliza um pavimento desenvolvido com areia da empresa, proveniente do processo de tratamento do rejeito de minério de ferro. A iniciativa, uma parceria com o poder público municipal, faz parte da estratégia da companhia de tornar suas operações mais seguras e sustentáveis.

A primeira fase do programa, em caráter experimental, contemplará os municípios de Barão de Cocais, Caeté, Rio Piracicaba e São Gonçalo do Rio Abaixo, em Minas Gerais. Haverá a pavimentação de 20 quilômetros de estradas de terra, com trechos de cinco quilômetros em comunidades rurais de cada município, utilizando aproximadamente 40 mil toneladas de areia, oriundas do tratamento do rejeito da Mina Brucutu, localizada em São Gonçalo do Rio Abaixo.

“O programa vai ampliar a acessibilidade de comunidades rurais, promover a diversificação econômica e o acesso ao conhecimento tecnológico, além de dar uma destinação sustentável para a areia resultante do beneficiamento do rejeito de minério de ferro”, destaca Rodrigo Dutra, gerente-executivo de Licenciamento Ambiental.

Além do insumo, a Vale fornecerá o projeto do pavimento, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) do campus Itabira. De acordo com o professor Sérgio Soncim, pesquisador e coordenador do projeto pela Unifei, o revestimento combina areia do rejeito com solo local, produtos aglomerantes ou outros materiais da região para formar uma camada de proteção do acesso. Ainda segundo o professor, o procedimento tem qualidade superior, se comparado à cobertura de estradas de terra com uso de cascalho ou brita. “O pavimento tem a finalidade de aumentar a capacidade de suporte desses acessos durante os períodos de chuva, além de apresentar mais conforto e melhores condições de trafegabilidade e aumento da vida útil em serviço, reduzindo os custos de atividades relacionadas à manutenção viária”, destaca Soncim.

Projeções demonstram, ainda, que a iniciativa contribuirá com novas oportunidades de geração de renda e incremento da vocação das localidades ao facilitar, por exemplo, o escoamento da produção rural, agrícola ou industrial. “O Criando Caminhos pretende proporcionar um legado positivo às comunidades próximas às nossas operações e viabilizar um ciclo de economia circular dentro e fora das nossas unidades”, aponta Gustavo Biscassi, gerente de Relações Institucionais da Vale.

As obras, nos trechos definidos pelos municípios, devem acontecer entre abril e julho e contarão com suporte técnico da Unifei. A universidade e a Vale também promoverão capacitação para os servidores municipais sobre metodologia e aplicação do revestimento, uma vez que as Prefeituras serão responsáveis pela execução dos pavimentos. Após o período de monitoramento, com duração de seis meses, a expectativa da Vale é expandir o programa para outras localidades. A seleção dos municípios participantes leva em conta aspectos como o bom uso dos recursos públicos e disponibilidade de equipamentos e recursos necessários para execução das obras segundo metodologia proposta.

A areia utilizada na composição do pavimento do programa Criando Caminhos é proveniente da Usina de Tratamento de Minérios da Mina Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo. “Após a etapa de concentração do minério de ferro, é gerado um rejeito arenoso que segue para um ciclo de beneficiamento, no qual a sílica ou areia é extraída.”, explica Jefferson Corraide, gerente-executivo de Operações do Complexo Brucutu. Ainda segundo Corraide, esse processo promove a economia circular dentro da unidade, transformando o rejeito, que seria descartado em pilhas ou barragens, em novo insumo para o mercado da construção civil.

De acordo com estudo realizado pela World Wide Fund for Nature (WWF), em 2019, as taxas de extração mundial de areia estão excedendo as taxas de reabastecimento natural. Além disso, o crescente volume extraído do insumo é frequentemente realizado de forma ilegal dos ecossistemas ribeirinhos e marinhos.

“A areia da Vale se torna uma alternativa mais sustentável como agregado miúdo para construção civil, com alto desempenho em pavimentos, conforme demonstrado em testes realizados em laboratório”, conta Lais Resende, engenheira responsável pela iniciativa. A Vale investiu, desde 2017, cerca de R$ 10,5 milhões em projetos de pesquisa relacionados à pavimentação.

Aplicações do rejeito na construção civil

O investimento em iniciativas de reaproveitamento do rejeito – denominadas de Ecoprodutos-, no mercado de construção civil vai além da pavimentação de vias. Em novembro do ano passado, a Vale inaugurou a Fábrica de Blocos do Pico, no município de Itabirito (MG). Durante dois anos, a empresa realizará, em parceria com o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), testes em escala industrial de aplicação do rejeito em mais de 60 produtos pré-moldados, como pisos intertravados, blocos de concreto estruturais, blocos de vedação, placas de concreto, manilhas, blocos de vedação, dentre outros. O investimento em pesquisa e desenvolvimento tecnológico (P&D) da planta piloto, nesse período, será de cerca de R$ 30 milhões.

A Vale também está realizando outros estudos e testes para o desenvolvimento de novas aplicações do rejeito de minério de ferro. A companhia trabalha em parceria com diversas organizações, entre universidades, centros de pesquisa e empresas brasileiras e estrangeiras, na busca por soluções tecnológicas, processos e produtos do rejeito em diferentes setores da indústria. “Ao se fomentar um ecossistema de inovação em torno do reaproveitamento de rejeitos do minério de ferro, será possível transformar um passivo ambiental em novos produtos, compartilhando valor entre empresa e sociedade”, ressalta Fabiano de Carvalho Filho, gerente-executivo de Planejamento Estratégico e Desenvolvimento de Negócios.

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