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Desastre em Brumadinho faz Vale ” aposentar” barragens

O anúncio de que a Vale irá acabar com dez barragens construídas à montante em Minas representa, ao mesmo tempo, o fim da apreensão para muitos moradores, mas também um forte impacto aos cofres dos municípios mineradores. A “aposentadoria” das estruturas foi confirmada ontem pela companhia.

A expectativa é a de que a produção da multinacional no Estado seja reduzida em 40 milhões por ano – o equivalente a 28,4% do que foi extraído pela empresa de janeiro a setembro de 2018.

O processo técnico para desfazer as estruturas, chamado de descomissionamento, pode durar de um a três anos, dependendo da barragem. Atividades de diversas minas serão suspensas, disse o presidente da Vale, Fábio Schvartsman. 

A quantidade de empreendimentos a serem embargados não foi informada. Procuradas, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) e a Vale não declararam quais são as barragens à montante operadas pela mineradora.

Já o titular da Semad, Germano Vieira, disse que a medida é positiva. “Ainda não fomos acionados, mas aguardamos com muita ansiedade”, pontuou. Ainda de acordo com ele, não há previsão de quando o projeto será apresentado ao governo de Minas.

Críticas

A decisão desagradou à Associação de Municípios Mineradores (Amig). “Se a Vale disser que vai minerar a seco, vamos aplaudir e pular de alegria. Mas foi uma falta de respeito avisar por ‘bilhete’ que as operações serão suspensas, sem uma preparação dos municípios que foram explorados por décadas, não é certo. A Vale foi feita em Minas, ela não pode jogar as cidades mineradoras na lata de lixo”, criticou o consultor de Relações Institucionais e Desenvolvimento Econômico da entidade, Waldir Salvador.

Ele destaca que as localidades dependem da atividade e precisam de tempo para desenvolver projetos para diversificar a economia. 

Em Itabira, na região Central, a previsão é a de que a mina seja desativada em dez anos e há algum tempo a cidade já se prepara para engordar o caixa com outras receitas que não sejam os royalties da mineração. “Se a mineradora apenas sair da cidade, sem preparo, a economia para”, afirmou. 

Prefeito de Nova Lima, Vitor Penido de Barros também faz críticas. “Caso isso aconteça, não só aqui, mas as prefeituras de Ouro Preto, Santa Bárbara e Itabira vão fechar as portas. Metade da minha receita vem da mineração, e essa decisão vai provocar muito desemprego”. 

O chefe do Executivo frisou que o rompimento em Brumadinho foi “gravíssimo e a Vale deve ser responsabilizada”. “Não estou dizendo que sou a favor das barragens e que não me preocupo com a segurança. Não é isso”, ponderou.

Para que não haja demissões, cinco mil empregados devem ser remanejados. A assessoria da Vale não soube informar por quanto tempo o emprego deles estará garantido. 

Embora os postos de trabalho não sejam afetados em um primeiro momento, impactos são inevitáveis. “Ainda não sabemos qual a dimensão do rombo, mas ele é grande”, afirmou o coordenador do curso de economia do Ibmec, Márcio Salvato. 

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