Motos estão em metade dos acidentes registrados nas estradas mineiras
e cada dois acidentes nas estradas mineiras, um envolve motociclistas. De janeiro a novembro do ano passado, dado mais atual disponível, foram 10.859 batidas, capotagens e atropelamentos, dentre outras ocorrências. Em exatos 5.352 havia a presença de pelo menos uma moto. Conforme as autoridades, o número causa ainda mais preocupação pelo fato de os veículos de duas rodas serem os que menos trafegam em rodovias.
O levantamento é da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) e envolve vias públicas e privatizadas, estaduais e federais. Dentre os motivos para o elevado índice estão a imprudência e o descaso com equipamentos de proteção individual, mesmo que não sejam obrigatórios. Cidades do interior, cortadas por estradas, concentram os casos.
Porém, os abusos são comuns em muitas pistas. A equipe de reportagem do Hoje em Dia percorreu a BR-381, no trecho entre BH e Caeté, na região metropolitana. Em um intervalo de quatro horas, foram flagradas 15 infrações, a maioria por ultrapassagens indevidas. A violação é gravíssima e rende multa de R$ 1.467,35, além de sete pontos na carteira.
Motoristas relatam que o desrespeito é cometido “a torto e a direito”. Até mesmo quem anda de moto admite as falhas. “É o que mais se vê. Se o motociclista pega um congestionamento, ou um caminhão em baixa velocidade, com certeza vai ultrapassar, independente de onde estiver”, conta o comerciante Rodrigo Paiva Filho, de 32 anos.
Velocidade
Coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, Paulo Resende explica que o maior problema para o motociclista nas estradas é a velocidade permitida. “O condutor está acostumado a trafegar em vias com de até 40 quilômetros por hora (km) e, na rodovia, o limite passa de 60 km. O impacto de um acidente é muito maior”.
Agmar Bento, professor de segurança viária do Cefet-MG, explica que, por estar em uma condição de maior vulnerabilidade, o motociclista é o que mais deve estar atento à segurança. “A moto é o menor veículo, num local de trânsito rápido e intenso. Normalmente, esses acidentes serão fatais”, disse.
O motorista de ônibus Francisco Damião Oliveira, de 58 anos, percorre diariamente o trajeto entre o distrito de Ravena, em Sabará, na Grande BH, até a capital. Ele diz já ter flagrado diversas colisões envolvendo motos. “A gente assusta com o motoqueiro ultrapassando pela direita, em curva. Se não estiver muito atento, é pior para ele”, garante.
Segundo o inspetor Aristides Júnior, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), não é preciso muito para reverter o quadro nas estradas. “Basta prudência e respeito às normas. As regras são feitas porque a via é de todos e o motociclista precisa colaborar para não ser vilão da própria má sorte”.
HOJE EM DIA