Vale burlou as próprias normas de segurança em barragem de Brumadinho
Não apenas um. Foram vários os alertas à mineradora Vale de que cálculos usados para atestar a segurança da Barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, não estavam dentro dos padrões aceitos na mineração.
Avisos surgiram de auditorias externas, de empresas de engenharia e de especialistas internacionais independentes. A mineradora preferiu ignorar e burlar normas de segurança, inclusive parâmetros adotados pela própria empresa, apontam as investigações sobre a catástrofe que ontem chegou a duas centenas de mortes comprovadas, com 108 desaparecidos.
Segundo as apurações, a companhia operou com índices abaixo dos considerados toleráveis, amparada sempre pelo mesmo “modus operandi”: contratar terceirizadas dispostas, para não perder contratos, a usar metodologias questionadas no meio e, se preciso fosse, substituir quem se recusasse.
Desde novembro de 2017, foram pelo menos três advertências em relação à represa de Brumadinho, estudos com resultados maquiados, consultorias que assinaram declarações de estabilidade fora dos índices estabelecidos pela própria companhia e um vaivém de prestadoras de serviço, em uma aparente busca por aquelas que se enquadrassem na rotina da Vale.
Os resultados assustavam até mesmo quem estava na linha de frente da mineradora. Tanto que um gerente-executivo preso na última operação da força-tarefa que investiga a catástrofe em Brumadinho classificou a barragem como “tenebrosa”.