Movimentação em estrutura da mina de Gongo Soco deixa moradores de Barão de Cocais em alerta
A movimentação em um talude da cava da mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, região Central de Minas, motivou uma reunião no início da noite de ontem entre a Defesa Civil Estadual, o Corpo de Bombeiros, a Polícia Militar e a Defesa Civil da cidade. A movimentação aumentou ainda mais o medo dos moradores que vivem perto à Barragem Sul Superior, que pertence ao mesmo complexo e está no nível 3 – que indica iminência de rompimento.
O talude é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como função garantir a estabilidade do aterro. Segundo o tenente-coronel Flávio Godinho, coordenador-adjunto da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, em caso de rompimento, os rejeitos irão parar em uma cava que foi destinada para este fim.
“Fomos informados sobre uma possível movimentação de um talude da cava de Gongo Soco, que fica antes da barragem Sul Superior. Se acontecer qualquer coisa neste talude, ele vai carrear para dentro desta cava. Não houve a queda do talude, mas há a possibilidade de acontecer um carreamento de parte deste talude para dentro da cava. Esta cava é um local aberto e grande onde o talude cairia e se integraria ao ambiente”, explica.
Godinho também lembra que as comunidades de Barão de Cocais que que estavam em zonas de autossalvamento já foram retiradas e que os moradores alocados em zonas secundárias na região passaram por um treinamento para saberem para onde ir em caso de rompimento.
De acordo com a Vale, a mineradora está avaliando as possibilidades de eventuais impactos sobre a barragem Sul Superior, distante aproximadamente 1,5km da área do talude. As autoridades competentes foram envolvidas para também avaliarem a situação e, em caso de necessidade, definirem as medidas preventivas a serem tomadas. A cava e a barragem são monitoradas 24 horas por dia, de acordo com a empresa.
Situação instável
A situação da barragem Sul Superior, da Vale, em Barão de Cocais, é considerada instável desde o dia 22 de março, quando seu nível de alerta foi elevado para 3, grau máximo de risco para barragens no que se refere à situação de iminência ou ocorrência de rompimento. Se romper, a barragem irá “liberar” cerca de 4,8 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério.
Mas mesmo antes da elevação do nível de risco de 2 para 3, as comunidades que seriam atingidas pela lama de rejeitos em caso de rompimento já haviam sido evacuadas. No dia 8 de fevereiro, 14 dias após a tragédia em Brumadinho, cerca de 500 pessoas residentes nas comunidades de Socorro, Tabuleiro, Gongo Soco e Piteiras foram desalojadas por conta do acionamento do Plano de Ação de Emergência de Barragem de Mineração (PAEBM).
“Todas as medidas preventivas para este cenário já foram tomadas, incluindo a realização de simulados de emergência com moradores da Zona de Segurança Secundária (ZSS). Também em março, a Defesa Civil e a Vale equiparam a ZSS com sinalização das rotas de fuga. Foram implantados pontos de encontro que funcionam 24h com equipes preparadas para o pronto atendimento à população”, afirmou a Vale.
Com informações do Hoje em Dia