Parceria com chineses é caminho para diversificar a economia itabirana
Esta segunda-feira, 29 de julho, é apontada pelo Governo Municipal como um marco histórico na agenda econômica de Itabira. Foi assinado, com executivos chineses das companhias Chalieco e Cinf Engineering, um memorando de entendimento (MOU, tradução para Memorandum of Understanding), passo importante para que a cidade receba investimentos em projetos grandiosos de desenvolvimento. O evento, chamado de Internacional Meeting: On the way to economic diversification (Encontro Internacional: No caminho para a diversificação econômica), foi realizado no teatro da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade.
A Prefeitura de Itabira e a comitiva asiática firmaram uma colaboração para implantar projetos específicos. São eles: expansão do campus local da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), projetada pelo escritório GPA&A; construção do Parque Científico e Tecnológico de Itabira (PCTI); e construção do Aeroporto Industrial de Itabira. A discussão sugere valores que superem US$ 100 milhões. Como garantia, o Município tem a Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) – os royalties da mineração.
O prefeito Ronaldo Magalhães recebeu a comitiva formada pelos vice-presidentes Biao Yang (Chalieco) e Jianguo Zhu (Cinf), os diretores Shaohua Sun e Yougang Li, a gerente de negócios TingtingYu e o engenheiro Changsheng Shi. As duas empresas são parte de um grupo maior, a Chinalco (Aluminum Corporation of China), mineradora e maior produtora de alumínio chinesa.
Outras autoridades participaram do evento: o reitor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), Dagoberto Alves de Almeida; os deputados federais Reginaldo Lopes e Lincoln Portela; o deputado estadual Tito Torres; o presidente da Câmara de Vereadores, Heraldo Noronha Rodrigues; o consultor Kleber Guerra e prefeitos de cidades vizinhas.
Autoridades comemoram assinatura
Feita a assinatura do documento, autoridades discursaram sobre a importância do ato. Dagoberto Almeida declarou ser o projeto a garantia da “devida” sustentabilidade econômica de Itabira. “A cidade tem mostrado sabedoria de ter pensado no seu futuro. A verdadeira riqueza não é a commodity, é o conhecimento. (…) Isso garantirá um posicionamento da cidade, do estado e do país no rol das grandes nações”, disse o reitor da Unifei.
O vice-presidente da Cinf Engineering apontou a educação como principal área de desenvolvimento social e informou que o pacto firmado hoje trata-se do primeiro projeto de sua empresa desenvolvido com uma universidade brasileira. “Isso inclui educação e tecnologia às áreas industriais e vai impulsionar a educação no Brasil. Além de promover o desenvolvimento econômico de Itabira, o projeto também é um suporte para avançar nas atividades entre Brasil e China”, afirmou Jianguo Zhu, em mandarim.
Para Ronaldo Magalhães, “a partir de agora vamos solucionar as burocracias jurídicas entre os países e a Prefeitura. Isso ainda passa pelo Tesouro Nacional, que já estamos conversando e, também, no Senado”. Paralelo ao processo burocrático, o Município iniciará o levantamento de custos e planilhas. “Temos que concretizar essa parte para que possamos, de fato, assinar o contrato. Com isso, estaremos aptos para começar o trabalho”, declarou Ronaldo Magalhães.
Entenda
O MOU é uma espécie de contrato preliminar, considerado o primeiro passo para contratos vinculativos e formais, judicialmente. Trata-se de um documento bastante utilizado no âmbito internacional, com a finalidade de traçar diretrizes para um acordo de cooperação entre diferentes países.
A expectativa é que o contrato de cooperação ocorra nos moldes do modelo internacional EPC+F. A tradução da sigla em inglês significa “engenharia, compra e construção + financiamento”. Dessa forma, a empresa contratada terá como responsabilidade os projetos das futuras instalações, a compra dos materiais e insumos necessários, construção da estrutura projetada e o financiamento dos custos. Essa modalidade, tida como um consórcio, é mais viável para a execução de grandes projetos em construção civil pois permite a otimização do cronograma e, inclusive, do orçamento. Os juros, além disso, são mais baixos do que os praticados no Brasil.
O consórcio com os chineses é uma modalidade inédita para um município brasileiro. A Prefeitura de Itabira acionou o governo do Estado de Minas Gerais e a União para tratar das soluções jurídicas, políticas e diplomáticas para efetivar o acordo de cooperação. Nesta quarta-feira (31), Ronaldo Magalhães e os executivos chineses farão uma reunião com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em Brasília. Na sexta-feira (2), o encontro está agendado com o vice-governador de Minas Gerais, Paulo Brant.
Comitiva percorreu a cidade
O grupo empresarial visitou cartões-postais da cidade, como Memorial Carlos Drummond de Andrade e Fazenda do Pontal, foram à Unifei e à área onde está projetado o Parque Científico e Tecnológico de Itabira.
Na universidade, a comitiva participou, em princípio, de uma apresentação de dados da instituição, conduzida pelo reitor Dagoberto Almeida. O encontro reuniu também docentes e técnicos.
Dagoberto falou ao público que a expansão do campus permitirá à instituição “atingir maior maturidade em pesquisa, induzindo o desenvolvimento tecnológico de Itabira”. Segundo ele, a partir de 2020, com o avanço das obras de construção dos prédios 4, 5 e 6, cursos atuais poderão ser expandidos sem que haja autorização do Ministério da Educação (MEC).
A implementação de cursos novos em médio e longo prazo, como na área de saúde, foi outro projeto comentado. Os chineses percorreram ainda laboratórios avançados de engenharia. Na ocasião, Ronaldo Magalhães ressaltou que o avanço da cidade depende da soma de esforços da tríplice hélice – poder público, universidade e empresas.
O grupo seguiu, após a jornada, para o gabinete do prefeito, onde discutiu outras oportunidades de investimentos em Itabira. A reunião foi encerrada com uma troca de presentes. O chefe do Executivo itabirano entregou souvenirs confeccionados por produtores do município.